segunda-feira, 24 de março de 2014

O véu da noite responsável por meus tormentos.



Ao longe vejo, o ultimo raio de sol dando seu suspiro agonizante final, não quer partir, mas não tem escolha à ordem natural das coisas assim o faz ser, o véu da noite aos poucos vem chegando, encobrindo tudo com a sua sombra, surgem pontos no céu são astros que ali reinam, sem poder algum, pois a grande dama da noite ainda esta por vir, aos pouco ela chega ainda meio sem graça, mas de um jeito imponente apaga tudo ao seu redor, traz a luz que ilumina a escuridão, e mesmo com tamanha austeridade não tem luz própria, se utiliza de um astro maior o qual parte ao final de cada dia para em sua imensa generosidade fornecer um reinado, ainda que curto e sem tanto poder,  a dama da noite, e como se não bastasse ter que partir fornece o brilho que ilumina a dama que se faz presente em seu vestido prateado e que a faz cintilar com sua explosão de companheiras.
A dama chega e com ela meu desespero, minha agonia vem me encobrindo assim como o véu que tudo apaga para apenas a senhora da noite brilhar. 
Mais uma vez me vejo sentindo o que não sei explicar, um aperto, um sentimento estranho, como se mergulhasse e não voltasse tão cedo, o estômago fica nauseado, as palavras se embolam, a voz some, e só sei fazer isso, escrever, fazer jorrar pelos dedos como uma cachoeira os sentimentos, vem um descontrole não sei de onde, logo eu que sou tão controlada, que tenho tudo tão estável ao menos aparento aos demais ser assim, um nó na garganta me faz querer chorar, mas porque? Não sei de onde vem isso, mas é forte e intenso, um monte de lembranças me consomem coisas que gostaria que nunca houvessem passado, e algumas que amo relembrar, mas que como não voltam me fazer sentir nostálgica e mais uma vez me consumo em lágrimas.
Queria poder colocar num papel, saber expressar aquilo que vem de dentro do fundo de recônditos muito distantes, de reinos não muito habitados dentro de mim, ou melhor, recônditos muito povoados de lembranças e sentimentos, mas que não sei onde fica, e não possuo muito conhecimento a respeito do mesmo, há quem dera soubesse lidar com isso como faço com outras situações, mas aqui é uma represa que contenho suas águas com uma forte barreira, mas de vez em quando não sei por que nem como, surgem buracos, e então ela vaza e me enche desses sentimentos estranhos que me fazem sentir assim.
Sinto-me como uma dama louca perdida no tempo me sinto em um chão de estrelas caídas, me vejo onde nada é palpável, quero explodir, algo quer sair e não pode não sabe o caminho, vem, chega ao topo e retorna, o engulo seco áspero, sem muita delicadeza ele retorna me atormenta mas uma vez,  faz com que eu me sentir mal, e como sempre não sai, revira, retorce, me contorço e não me livro desse sentimento, quero que ele se exponha revele sua face assim eu o poderia encarar olhar em seus olhos frios que se queimam de prazer ao me ver sentir assim.  
È um demônio que aqui vive sente prazer em me torturar, de tempos em tempos, e cada vez mais freqüente ultimamente, vem me visitar, me fazer descontrolar, me ver perdida não lido bem com algumas sensações e me sinto assim, como agora, sem chão.
Me pego do nada a pensar em coisas que não quero, um futuro incerto, o que será de mim, coisas que podiam ser esquecidas, ou adormecidas, pois não se pode apagar o passado, pois somos feitos dele, já que o futuro é algo imprevisível e assim não podemos viver na espera de seu eterno chegar, desse modo gostaria de colocar algumas coisas que já passaram para dormir um sono de Cinderela um sono profundo e longo. E fazer com que o futuro não me deixasse tão insegura, que pra ele  tivesse já um caminho certo, uma fórmula mágica, um feitiço que o fizesse ser garantido.
E do nada me sinto vazia, fria, sem nada, me falta tudo mesmo consciente do que tenho, quero preencher esse vazio, mas não sei com o que, não sei o que falta, mas falta e falta muito o buraco é grande profundo, me ponho a buscar coisas entulhos pra preenchê-lo, mas nada adianta ele não tem fim, tudo que coloco e ele engole, traga, mastiga, as vezes o tapo com engodos outra coisas que me satisfazem, me trazem alegria, atividades pessoas, sentimentos bons, mas não dura muito e ele mais uma vez engole tudo, e assim nunca termino nada, pois o que me dá prazer agora depois já não me satisfaz mais, não supre minha necessidade o buraco aumentou ele quer mais sempre mais, é como o demônio que aqui vive e que sempre está presente de tempos em tempos pra me atormentar. 
Andei pelo mundo e acho que andaria por todo ele e mesmo assim nunca encontraria aquilo que pudesse tapar esse buraco, tudo ele traga, desfaz e tudo perde a graça o brilho e eu perco a sensibilidade cada vez mais, fico mais ríspida, mais dura, amarga, fria, e ainda com um buraco enorme dentro de mim algo me falta mesmo sabendo que tenho muito, que tenho o necessário para sobreviver.  
E cada dia que passa me vejo sendo aquilo que não sou, vivendo de aparências, de sorrisos duros, amargos risadas frias, sem calor de apreço sem sentir nada, sem receber nada verdadeiro que me faça resgatar algo que seja meu de verdade que esta escondido em algum cantinho em mim, quero ajuda, quero ser aquela que era antes do buraco ter começado a se cavar dentro de mim antes dele ter se tornado a morada do que vive aqui e não sei o que é, quero liberdade quero expor esse sentimento que ele se mostre, quero confronta-lo e derruba-lo para sempre e só então voltarei a ser eu, com o vazio preenchido, e os demônios ao chão, mortos no campo de batalha da guerra que travei durante tanto tempo, e que por fim serei vitoriosa.
 E quando isso se der apreciarei a beleza da dama da noite, verei seu brilho resplandecer em minha pupilas e acharei que aquilo é um espetáculo a parte, não reclamarei de seu chegar, pois não haverá o que temer, o véu da noite não mais será o que traz meu tormento, o primeiro raio de sol que nasce pungente não será meu alivio, será apenas o presságio de que um novo dia vem vindo trazendo alegrias pra eu sentir e mais vida pra eu viver.