quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Saudade de avó!

Saudade palavra forte, que dói, que traz aperto no peito, uma angustia, as palavras não saem, a voz embarga, e no fim um choro sem controle, que não se sabe de onde vem. Quem sabe da alma? Esta sente mais que o corpo as dores da saudade. Dizem que é na alma que guardamos tudo, e que ela sim é a verdadeira memória do corpo.
Escrevo este texto com os olhos cheios de lágrimas, de um choro suave, de saudade.
Mas foi por motivo de saudade que hoje lembrei de uma palavra. AVÓ.
Dizem que ser avó é ser mão duas vezes. Não sou mãe, quem dirá avó.
Mas sei bem o que significa avó. A que mais amei Deus já me levou para um outro mundo do qual ainda, não faço parte.
Mas sim me lembro bem do que era isso.
Era carinho, afeto, uma voz sempre doce, algo afável, que te toca sem ferir, que te ensina sem brigar, era sabedoria dos anos vividos. Algo que te faz bem que te traz alento.
A pele enrugada, as mãos finas e delicadas, o cabelo branco, e sempre penteado em coque, um cheiro de perfume de rosas. Essa era a minha avó.
Sempre um sorriso no rosto, uma pergunta sempre pertinente: "Tá com fome? Tem bolo, biscoito, tem leite quente no fogão, acabei de fazer um café, e tem chá na chaleira. O que quiser comer, é só ir lá e pegar. E se quiser algo especial, me diz que eu faço."
Essas eram as mesmas palavras que ela me dizia quando eu estava em sua casa. Me lembro bem, como se fosse hoje.
Era criança e a casa tinha um cheiro de chá de canela, ela sempre me recebia com um belo sorriso, e um abraço afável e cheio de afeto. Me lembro que sempre perguntava se eu estava bem, como estava minha mãe,e minha outra avó.
Me lembro das cores de seus vestidos simples, sempre estampados com cores claras, me abriam os olhos, marcaram minhas pupilas e nelas conservo esse traço da minha infância.
Sempre na cozinha, fazendo algo bom, saboroso, tempero de avó o melhor do mundo. O sabor de cada prato preparado por ela, ainda guando nas boca. Agora mesmo consigo sentir cada um deles, como se houvesse acabado de comer neste exato momento.
Lembro sempre da sua voz doce,e aguda. Cantando canções simples do homem do campo, a que mais a ouvi cantar foi, canarinho. E por esta canção me afeiçoei por causa dela.
Ganhei dela, e de meu pai o prazer pela música sertaneja, o gosto por cantar.
Lembro das festas em sua casa, onde ela sempre cantava ao som de uma bela viola, uma de suas canções simples, mas muito belas.
Sempre dizia que eu tinha sumido, que havia muito tempo que não aparecia por lá. Sei que pequei nesse ponto, que não a vi o quanto devia, que tinha a obrigação de ir mais vezes. Mas a correria do tempo, os atropelos da vida, me desviavam do caminho em direção a sua casa. E como sempre só sentimos falta das coisas, quando já não as temos mais.
Hoje ela já não está mais lá, a casa não passa de um casarão grande e vazio, cheio de memorias, o cheiro de canela há muito não sinto.
Na memória ou na alma, guardarei para sempre a história de uma senhora chamada, Maria Tomázia Rosa García, que criou doze filhos, em uma casa humilde, pequena que mal cabiam seis pessoas. Mas que nunca faltou comida, afeto, e um longo abraço para cada um dos filhos. E com o passar dos anos, com a chegada da velhice, em uma outra casa, transformou tudo o que havia passado em experiencia, e passou a ser o esteio de uma família grande. E que com a sua experiencia, passou a ser a avó mais doce do mundo, mais batalhadora, e que se tornou o grande exemplo de vida para muitos. Sofreu as dores da viuvez em silencio, e a perda de 5 filhos, como se nada tivesse passado em sua vida, pois, amanha será um novo dia e nele as coisas podem ser melhor.
Guardo comigo o orgulho de poder dizer: Sou sua neta, e que fui uma criança muito feliz, por ter tido a ela como avó.
Não guardarei comigo a imagem do fins dos seus dias tão sofridos, mas sim os momentos em que a vi sorrir, e me dizer Deus te abençoe!



                                                         Saudades eternas vovó Maria.

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