domingo, 27 de maio de 2012

2596 Km

2596 km, é essa a distancia que me separa daqueles que amo. Daqueles que são os meus.
Ah! Como eu gostaria de precorrer essa distancia o mais rápido que pudesse, como eu queria nesse momento ter as asas de um pássaro, ou as de um anjo, mas acho que isso seria ser muito presumida, querer ter asas de um anjo quando na verdade não passo de um ser humano, uma simples mortal, cheia de defeitos e problemas, que mal sei resolver por mim própria.
Mas mesmo assim, se tivesse as tão sonhadas asas, eu viajaria por mares, oceanos, continentes inteiros, só para encurtar a distancia que tanto me faz mal. Só para estar mais perto, daqueles que me fazem feliz. 
Faria o maior esforço do mundo para suportar as tempestades de areia do deserto, as tormentas do céu, os raios, os trovões, e faria a maior força que tivesse, bateria o mais rápido possível as minhas asas, para chegar mais rápido ao meu tão sonhado destino, o meu lugar, a minha casa, onde poso repousar em paz a minha cabeça no travesseiro, e sonhar, sonhos tranquilos, ondo posso ter certeza, que de um modo ou de outro as coisas vão ser mais fáceis, por mais complicadas que possam parecer.
2596 km é o tamanho da minha saudade, da minha tristeza, é o tamanho da vontade que tenho de estar no meu país, na minha cidade. 
2596 é o número de coisas que quero comer no meu país, é a quantidade de vezes que necessito dizer que, nunca mais quer sair dai, é a quantidade de vezes que tenho de dizer aos demais, que aqui fui feliz mas, que ai sou, e sempre fui 2596 vezes mais feliz.
Esse também é o numero de vezes, ao dia que quero dizer a minha mãe que a AMO muito, que ela é muita coisa em minha vida, que mais do que nunca, depois de tanto tempo descobri, que ela é a minha base sólida para seguir caminhando, que nesse, e em tantos outros momentos de minha vida sou muito dependente dela,  emocionalmente, financeiramente.
Se pudesse, caminharia esse distancia a 2596 km por hora, para chegar em casa em um segundo, para estar em casa nem que fosse por uma mísera hora, mas que seria agora, nessa fase de minha vida, umas das mais felizes horas que pudesse sonhar. 
Nesse breve momento, que tenho certeza, que devido a intensidade seria como um tempo psicológico, onde não teria a noção de quanto duraria uma hora, que para mim não passariam de alguns minutos, onde mal poderia expressar a saudade do meu lugar. Como muitos diriam, do meu reino encantado.

Mas tenho certeza que faria durar o máximo possível, que o sentiria com toda a minha intensidade, com toda a minha gana de casa, que passaria o tempo colada nos que são os meus, a minha gente, a minha família, que não deixaria nada para o próximo segundo, pois no próximo segundo poderia ser tarde demais, poderia ser o segundo no qual já teria que regressar.
Faria tudo com pressa, mas com a sensação de que tudo seria uma eternidade, que estaria fazendo tudo calmamente, leve como uma brisa suave de primavera.
Nesse hora me asseguraria de cumprir tudo a risca, para que nada saísse fora dos meus planos, para não perder nem se quer um segundo. Segundo que poderia ser decisivo, poderia ser o segundo do abraço, o segundo de dizer adeus, que os amo muito.
Ao percorrer esses 2596 km num bater de asas, num piscar de pestanas, como se usasse o pó de perlimpimpim, o tão sonhado pó mágico, que nos leva aos locais desejados, veria minha mãe, me acalmaria tendo certeza de que ela esta, verdadeiramente bem. Diria a ela que voltaria em breve, com a mesma velocidade a qual cheguei, que bastaria pensar em mim, que de um modo ainda não explicável pela ciência, eu me transportaria para diante dela, e a abraçaria fortemente, como se fosse o nosso último abraço. Então, voltaria para Buenos aires para seguir tocando minha vida, em busca dos meu sonhos.
Sempre que pudesse, eu me trasportaria com a força do pensamento para a minha cidade, veria tudo como esta, veria aqueles que sinto falta, e então voltaria. Seria a maneira mais fácil, e sutil de percorrer os temíveis  2596 km, de matar a saudade.
A distancia, é algo que me angustia quando estou com saudades de casa, quando estou preocupada com os meus, mesmo sabendo, bem lá no fundo, que eles estão bem. 
Assim mesmo com toda essa certeza, me angustio, choro tal qual uma criança, pois me ponho a pensar na reviravolta que seria em minha vida, as grandes mudanças, o choque que seria, sem falar na perda da minha base sólida para caminhar, se não tivesse isso tudo que tenho, se não tivesse minha família, por mais que alguns não me aceitem como sou.
 E mesmo assim, sabendo que que ela (mãe) vai ficar bem, que tudo vai correr como planejado, que pela tarde falarei com ela, e me certificarei que está bem, que tudo não passou de uma angustia, um medo torpe de perde-la, de não a ter mais diante dos meus olhos, de não pode-la abraçar, e retribuir tudo o que faz por mim. E a cada vez depois de falar com ela, os 2596 km me colocam a pensar, que essa pode ter sido a ultima vez que a vi viva pela internet, que essa foi a ultima vez que ouvi sua voz, e a ultima vez que me despedi, que foi a última vez que ela me abençoou.
Os 2596 km continuam me angustiando, me fazendo pensar em tudo isso, me atormentando, e continuam me impedindo de ir para casa, a cada instante que tenho vontade de estar por lá, os 2596 km continuam me fazendo chorar, escrever esses textos, como forma de desabafar a minhas emoções, tão afloradas desde que descobri o significado desses números.
2596 km são o que me fazem reconhecer coisas sobre minha vida, que me colocam a pensar, me fazem reconhecer coisas que antes não tinham importância para mim, e me trazem lembranças que nem sabia que ainda podiam existir em minha memória.
Ah se eu tivesse asas, se pudesse me transportar com a força do pensamento, ou melhor se eu não estivesse aqui, buscando um sonho tão grande, se não tivesse tão perto e ao mesmo tempo tão longe de realiza-lo, se não tivesse essa barreira tão grande entre aqui e lá, 2596 km, não passariam de cifras sem sentido, de mais uma unidade de medida, de um amontoado de números, e esse texto não seria sobre isso, não seria nada mais que um texto de uma garota muito feliz, não que eu não seja feliz, com uma outra historia para contar.





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